terça-feira, 20 de novembro de 2007

Marilyn Manson: Concerto teatral com muitas paragens

Surpresa e alguma desilusão foi o que se sentiu assim que Marilyn Manson deu por terminada a sua actuação no Pavilhão Atlântico, esta segunda-feira.

Um concerto que soube a pouco e que deixou no ar a ideia de que, depois de um novo álbum menos bem conseguido que os anteriores, também ao vivo Marilyn Manson já teve melhores dias. É que, apesar do aparato visual e da necessidade de construir uma extensão teatral em volta de cada tema, as constantes paragens para a mudança dos cenários quebraram o ritmo próprio de um concerto de rock.

Na apresentação do novo álbum "Eat Me, Drink Me", a faixa de abertura "If I Was Your Vampire" foi a escolhida para fazer cair o enorme pano negro que escondia o primeiro cenário da noite, num palco decorado com velas e uma enorme lua cheia como fundo. Marilyn Manson, foi imediatamente saudado como um rei pela plateia que esteve longe de encher o pavilhão, mas que ainda assim decidiu marcar presença, combatendo a chuva e o frio que se fizeram sentir enquanto esperaram nas filas para entrar no recinto.

O cantor norte-americano soube gerir de forma inteligente o estatuto de ícone shock rocker, bastando por vezes gritar por «Portugal!» ou mesmo usar a bandeira nacional como uma encharpe para deixar os fãs em êxtase. Mas foi com música que os ânimos se elevaram pela primeira vez e logo ao segundo tema. "Disposable Teens" - um dos hinos do álbum de 2000, "Holy Wood" - e "mOBSCENE" deram uma boa dinâmica inicial ao espectáculo, dando a oportunidade à assistência de provar que tinha as letras todas na ponta da língua.

A primeira passagem pelo 'velhinho' "Antichrist Superstar", de 1996, deu-se com "Tourniquet", já depois de Marilyn Manson ter 'degolado' o guitarrista Tim Skold com o seu microfone/punhal. E para quem esteve atento aos detalhes, não escaparam certamente os recortes de jornais, projectados no pano de fundo, relacionando um tiroteio numa escola de Cleveland (EUA) em Outubro passado com a música da banda de Brian Warner (nome real de Marilyn Manson). Usado mais uma vez como bode expiatório, responde em palco com o intenso "Irresponsible Hate Anthem".

Das famosas covers que a banda tem assinado ao longo de 18 anos de carreira, apenas "Sweet Dreams (Are Made Of This)" passou pelo Pavilhão Atlântico, sendo recebida como um verdadeiro hit, adoptado há muito pelos fãs que cantaram em coro a letra dos Eurythmics.

Problemas técnicos também os houve. Como se não bastasse a já habitual má qualidade na propagação do som no pavilhão, o microfone - ao estilo apresentador de combate de boxe - falhou em momentos cruciais no refrão de "Fight Song", tema durante o qual Marilyn Manson surgiu vestido com o típico roupão de pugilista e no centro de um ringue.

Depois da passagem por "The Dope Show" e pelos novos temas - incluindo o single "Heart-Shaped Glasses" -, a banda lançou-se numa recta final com direito a mais alguns cenários. Elevado a uns bons 10 metros do solo numa plataforma, ou cantando do cimo de um pódio, qual ditador totalitário, Marilyn Manson escolheu o inevitável "The Beautiful People" para encerrar mais uma passagem pelo nosso país. Pena foi que a um tema tão forte como este tivessem faltado a potência e intensidade esperadas para um final de concerto em grande.

Alinhamento do concerto:
1. If I Was Your Vampire
2. Disposable Teens
3. mOBSCENE
4. Tourniquet
5. Irresponsible Hate Anthem
6. Are You The Rabbit?
7. Sweet Dreams (Are Made Of This) / Lunchbox
8. The Fight Song
9. Putting Holes In Happiness
10. Heart-Shaped Glasses (When the Heart Guides the Hand)
11. Rock Is Dead
12. The Dope Show
13. The Reflecting God
14. Antichrist Superstar
15. The Beautiful People

Sem comentários: